Direitos trabalhistas: o que você ganha e perde ao pedir demissão em 2025
- Cesar Moutinho
- 10 de set.
- 5 min de leitura
Formalizar a saída com uma carta de demissão e cumprir o aviso prévio são passos cruciais para garantir o recebimento correto

Com a alta rotatividade no mercado de trabalho brasileiro, que registrou 7,5 milhões de pedidos de demissão em 2024 segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), trabalhadores têm buscado melhores oportunidades, mas precisam entender os direitos e perdas envolvidos na decisão de deixar o emprego. O pedido de demissão, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), assegura benefícios como o 13º salário proporcional e férias vencidas, mas exclui vantagens como a multa de 40% sobre o FGTS e o seguro-desemprego. Formalizar a saída com uma carta de demissão e cumprir o aviso prévio são passos cruciais para garantir o recebimento correto dos valores devidos. Em um cenário onde setores como tecnologia e varejo lideram as contratações, planejar a transição é essencial para evitar surpresas financeiras. A seguir, detalhamos os direitos assegurados, as perdas, as obrigações do trabalhador e estratégias para uma saída organizada.
A decisão de pedir demissão reflete um mercado dinâmico, onde 40% das contratações em 2024 vieram de tecnologia e varejo, segundo o Caged. Muitos trabalhadores optam por deixar seus empregos motivados por salários mais altos ou melhores condições de trabalho. No entanto, a falta de planejamento pode levar a perdas significativas, como a impossibilidade de sacar o FGTS.
Principais direitos garantidos:
Saldo de salário do mês da demissão.
13º salário proporcional ao período trabalhado.
Férias vencidas e proporcionais, com adicional de 1/3.
Essa compreensão inicial ajuda o trabalhador a se preparar para a transição, evitando imprevistos legais ou financeiros.
BENEFÍCIOS ASSEGURADOS NA RESCISÃO
Ao optar por deixar o emprego, o trabalhador tem direito a benefícios calculados com base no tempo de serviço. O saldo de salário, que cobre os dias trabalhados no mês da demissão, é pago integralmente. O 13º salário proporcional considera os meses trabalhados, com frações acima de 15 dias contadas como mês completo. Férias vencidas, se existirem, são pagas com o adicional de 1/3 constitucional, assim como as férias proporcionais do período em curso.
Além disso, horas extras registradas e o adicional noturno, para quem trabalhou entre 22h e 5h, também são garantidos. Em alguns casos, benefícios contratuais, como comissões ou bônus, podem ser incluídos na rescisão, dependendo do acordo com a empresa. Esses valores devem ser pagos em até 10 dias após o término do contrato, desde que o aviso prévio seja cumprido adequadamente.
PERDAS FINANCEIRAS AO DEIXAR O EMPREGO
O pedido de demissão implica a perda de benefícios exclusivos da demissão sem justa causa. A multa de 40% sobre o saldo do FGTS, que pode chegar a milhares de reais para trabalhadores com longos períodos de contribuição, não é liberada. O saque total do FGTS também fica restrito, sendo permitido apenas em situações específicas, como compra de imóvel ou aposentadoria. Outro impacto significativo é a ausência do seguro-desemprego, que poderia garantir até cinco parcelas de apoio financeiro.
Essas perdas exigem planejamento cuidadoso. Em 2024, cerca de 60% dos trabalhadores que pediram demissão desconheciam essas limitações, segundo sindicatos, o que reforça a importância de buscar informação antes de formalizar a decisão.
A IMPORTÂNCIA DO AVISO PRÉVIO
O aviso prévio é uma etapa obrigatória no pedido de demissão, com duração mínima de 30 dias, podendo chegar a 90 dias para trabalhadores com mais de um ano na empresa, conforme a Lei 12.506/2011. Cumprir esse período garante o salário integral e evita descontos na rescisão. Caso o trabalhador opte por não trabalhar, o valor correspondente ao período é descontado, impactando o montante final recebido.
Opções no aviso prévio:
Trabalhar os 30 dias com salário integral.
Negociar com a empresa para dispensa do período.
Sofrer desconto salarial, se não houver acordo.
Em 2024, 20% dos trabalhadores enfrentaram descontos por descumprir o aviso prévio, segundo o Ministério do Trabalho. Negociar com a empresa pode evitar esses prejuízos e manter um bom relacionamento para futuras referências.
FORMALIZAÇÃO DO PEDIDO DE SAÍDA
Formalizar o pedido de demissão exige cuidados para proteger os direitos do trabalhador. A entrega de uma carta de demissão, com data, assinatura e indicação do cumprimento do aviso prévio, é o primeiro passo. O documento deve ser entregue em duas vias, com uma assinada pela empresa como comprovante. Essa prática evita contestações futuras.
Após a formalização, o trabalhador deve acompanhar o cálculo da rescisão, verificando o saldo de salário, 13º proporcional, férias e outros benefícios. Em 2024, 10% dos pedidos de demissão apresentaram erros nos cálculos rescisórios, segundo sindicatos, o que destaca a importância de revisar os valores antes de assinar o termo de rescisão.
PLANEJAMENTO FINANCEIRO PARA A TRANSIÇÃO
A saída voluntária do emprego pode trazer desafios financeiros, especialmente pela perda do seguro-desemprego e da multa do FGTS. Para um trabalhador com salário de R$ 3.000 e cinco anos de empresa, a multa do FGTS poderia superar R$ 7.000, um valor significativo para a transição. Sem o seguro-desemprego, que pode render até R$ 2.200 por mês, o trabalhador precisa de reservas para cobrir despesas.
Especialistas recomendam uma poupança de emergência equivalente a três meses de despesas. Em 2024, 45% dos trabalhadores que pediram demissão não tinham reservas suficientes, segundo pesquisas financeiras, o que reforça a necessidade de planejamento antes da decisão.
ALTERNATIVAS ANTES DE PEDIR DEMISSÃO
Antes de formalizar a saída, o trabalhador pode explorar opções que preservem direitos ou facilitem a transição. A demissão por acordo mútuo, regulamentada pela Reforma Trabalhista de 2017, permite receber 50% da multa do FGTS e sacar até 80% do saldo do fundo, embora o seguro-desemprego não seja liberado. Em 2024, 30% dos desligamentos ocorreram por esse modelo, segundo o Caged.
Outra alternativa é negociar mudanças internas, como transferência de setor ou home office, para resolver insatisfações sem abrir mão de benefícios. Programas de recolocação oferecidos por algumas empresas também podem ajudar na busca por novas oportunidades.
DIFERENÇAS ENTRE TIPOS DE DESLIGAMENTO
Os tipos de demissão impactam diretamente os direitos do trabalhador. A demissão sem justa causa garante a multa de 40% do FGTS, saque total do fundo e seguro-desemprego. Já a demissão por justa causa, aplicada em casos graves, limita os direitos ao saldo de salário e férias vencidas. O pedido de demissão, por sua vez, assegura benefícios proporcionais, mas exclui proteções como o seguro-desemprego.
Comparação entre desligamentos:
Demissão sem justa causa: Todos os direitos rescisórios.
Pedido de demissão: Benefícios proporcionais, sem multa ou seguro.
Acordo mútuo: Metade da multa e saque parcial do FGTS.
Compreender essas diferenças ajuda o trabalhador a avaliar a melhor estratégia para sua saída.
PREPARAÇÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO
O mercado brasileiro em 2025 projeta 2 milhões de novas vagas, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com destaque para tecnologia e logística. A alta demanda por profissionais qualificados incentiva pedidos de demissão, mas exige preparação. Atualizar o currículo, investir em qualificação e manter um perfil ativo em plataformas como LinkedIn são passos essenciais.
A flexibilização do trabalho híbrido, adotada por 30% das empresas em 2024, também influencia as decisões. Profissionais buscam equilíbrio entre vida pessoal e profissional, o que pode motivar a saída de empregos que não oferecem essa flexibilidade.
PAPEL DO SUPORTE JURÍDICO E SINDICAL
Sindicatos e advogados trabalhistas oferecem apoio crucial no pedido de demissão. Sindicatos revisam cálculos rescisórios e mediam negociações, enquanto advogados esclarecem cláusulas contratuais complexas. Em 2024, 20% dos trabalhadores buscaram suporte sindical, evitando perdas por erros na rescisão, segundo o Dieese.
A consulta jurídica, com custo médio de R$ 200 a R$ 500, pode garantir o recebimento correto dos direitos. Esse suporte é especialmente útil em setores como varejo, onde erros rescisórios são frequentes.
ESTRATÉGIAS PARA UMA SAÍDA ORGANIZADA
Planejar a demissão exige organização para minimizar riscos. Além de reservar uma poupança de emergência, o trabalhador deve negociar o aviso prévio e manter um bom relacionamento com a empresa. Organizar documentos, como contracheques, facilita a conferência da rescisão.
Passos para uma transição segura:
Analisar finanças e reservar três meses de despesas.
Entregar uma carta de demissão clara e formal.
Negociar condições com a empresa, como dispensa do aviso.
Buscar orientação jurídica ou sindical, se necessário.
Essas ações garantem uma saída tranquila e protegem os direitos do trabalhador.





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