
O ataque brutal de um grupo de assaltantes a um empresário em Copacabana no último sábado desencadeou ainda mais violência no bairro: grupos de “justiceiros” voltaram a se organizar nas redes sociais para “caçar” ladrões. No início da madrugada de ontem (06/12), a primeira reação: um jovem foi espancado por pelo menos seis pessoas na Rua Djalma Ulrich. Um dos agressores diz: “É para não roubar mais”. Diante desse clima hostil, a Polícia Militar anunciou um novo plano de patrulhamento, a partir de hoje.
Uma das medidas será distribuir carros da corporação ao longo da Avenida Nossa Senhora de Copacabana — uma das mais visadas pelos bandidos — das 18h às 23h. Em seguida, esse corredor de segurança será reposicionado na Avenida Atlântica, para melhorar a segurança de moradores e turistas.
Ao todo serão 775 agentes da PM, do Programa Segurança Presente, do Rio Mais Seguro, da Secretaria de Ordem Pública e da Guarda Municipal. O foco será tanto os assaltantes quanto os “justiceiros” — muitos deles são lutadores e moram no bairro. Nas postagens em que convocam pessoas dispostas a fazer justiça com as próprias mãos, há fotos de soco inglês, taco de beisebol e até vassouras. O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor César Carvalho dos Santos, que assumiu o cargo há uma semana, os comparou às milícias e aos grupos de extermínio.
— É um grupo que se acha acima do bem e do mal, que se acha no direito de fazer justiça com as próprias mãos. Praticam crimes com o objetivo de evitar crimes. Na verdade, são todos eles criminosos. O justiceiro é criminoso — disse, e defendeu o uso de tecnologia, principalmente das câmeras.
Ontem, o comandante da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Pires, se reuniu com o comando do 19º BPM (Copacabana) e representantes da prefeitura no Quartel General da PM, no Centro, para traçar a nova estratégia das operações em Copacabana.
— Precisamos nos unir e planejar melhor nossa ocupação no terreno, como forma de aprimorar o que já temos feito. Ampliando de forma racional a nossa sinergia, aliada à utilização dos recursos tecnológicos, poderemos dar maior efetividade às nossas ações — disse o oficial, acrescentando a intensificação das abordagens.
Segundo o comandante, é necessário que outras instituições também participem do que chamou de sinergia para o combate ao crime:
— A gente entende que a mobilização da sociedade tem que ser por cobrar providências das forças de segurança pública, dos representantes da Justiça e do Legislativo. Não é combater a violência com mais violência. Tem que ser uma ação contínua. Se os criminosos são reincidentes, é porque alguém está prendendo essas pessoas enquanto outros soltam. Temos que nos unir para juntos encontrarmos uma solução.
A PM informou que o comando do 19º BPM também trabalha com a Polícia Civil para identificar os responsáveis pelos crimes. Nos últimos dez dias, o batalhão encaminhou quase 150 pessoas suspeitas de furtos e roubos para a delegacia da região e 58 menores foram conduzidos para abrigos.
A fim de evitar a reação dos justiceiros, policiais da 13º DP (Ipanema) ouviram ontem o homem que foi espancado na Djalma Ulrich. Imagens flagraram a perseguição ao rapaz, que vestia roupa preta, por 350 metros até ser alcançado pelos justiceiros. As câmeras de uma empresa de segurança mostram que toda a ação durou cerca de 30 minutos.
Por volta de 0h30 de ontem, câmeras instaladas em prédios flagraram o rapaz próximo à Praça Sarah Kubitschek, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Dois minutos depois, ele aparece correndo na Nossa Senhora de Copacabana, em direção ao Leme. Há imagens ainda de uma mulher correndo, aparentemente atrás do jovem. Quem estava na rua vê a movimentação e também persegue o rapaz, que entra na Rua Djalma Ulrich e na Travessa Cristiano Lacorte.
Um dos agressores pisa no pescoço da vítima já caída no chão e pergunta onde ele escondeu a faca. Outro usa um cabo de vassoura para espancá-lo. Como ele não fez registro, investigadores da 13ª DP, com base nas imagens, o procuraram. Ele alegou que não tinha ido à delegacia “por medo de morrer”.
A polícia está analisando os vídeos para tentar identificar quem são os agressores e a mulher. O objetivo é saber se ela foi vítima de assalto. O rapaz espancado teria saído da prisão na terça-feira após ser acusado de roubo.
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