Polícia: Zona norte fica debaixo de tiroteio e deixa o Rio de Janeiro em nível 2 de alerta

Vinte pessoas foram presas, e 8 fuzis, 2 pistolas, 2 granadas, coquetéis molotov e drogas foram apreendidos. No intenso tiroteio, 4 pessoas foram baleadas

Manhã violenta de confronto armado nas vias expressas da zona norte do Rio de Janeiro provocou o fechamento da Linha Vermelha e Avenida Brasil, deixando o município em nível 2 de alerta (em uma escala de 1 a 5). O tiroteio foi resultado de uma operação policial no Complexo de Israel, o que resultou na interdição das duas vias expressas importantes (que liga a Baixada Fluminense, as zonas norte, oeste ao centro).

O evento promovido pela Polícia Civil nesta terça-feira (10) teve como objetivo a realização de uma grande operação no Complexo de Israel para cumprir pelo menos 44 mandados de prisão contra traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP). Inicialmente, havia a informação de que eram 70 mandados, mas o número foi ajustado na entrevista coletiva sobre a operação.

Resumo da operação

Vinte pessoas foram presas, e 8 fuzis, 2 pistolas, 2 granadas, coquetéis molotov e drogas foram apreendidos.

No intenso tiroteio, 4 pessoas foram baleadas. São elas:

• Manoel Américo da Silva, de 60 anos, viajava num coletivo da linha Central-Cabuçu quando, na Avenida Brasil, uma bala atravessou a janela e lhe acertou o ombro. Ele foi operado e teve alta no início da tarde desta terça.

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• Marcelo Silva Marques, 54 anos, motorista da Evanil, foi baleado enquanto conduzia um coletivo na Linha Vermelha. Ele foi baleado no braço. Seu quadro era estável.

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• João André dos Santos, 63 anos, passageiros da linha 603, atingido no Parque Lafaiete, em Duque de Caxias.

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• Jerry Henrique, de 47 anos, baleado no calcanhar esquerdo. Ele passava pelo Centro de Duque de Caxias no momento do tiroteio, parou para prestar socorro a uma senhora, e acabou sendo baleado.

João André dos Santos, de 63 anos, foi atingido dentro de um ônibus. Por precaução, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha foram fechadas por volta das 6h30, o que deu um nó no trânsito na Zona Norte do Rio de Janeiro. Em consequência, o Centro de Operações e Resiliência (COR) colocou a cidade no Estágio 2, de uma escala de 5 — o que indica a possibilidade de impactos na rotina do cidadão

O que é a operação

Segundo a polícia, a ação desta terça é resultado de 7 meses de investigações, que culminaram na identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores, permitindo à Civil solicitar ordens judiciais com base em novas provas. Esse bando é chefiado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, um dos traficantes mais procurados do RJ.

Peixão, evangélico, decidiu batizar de Complexo de Israel as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Religiões de matriz africana foram banidas da região.

“Estamos lá para cumprir dezenas de mandados contra narcotraficantes que atuam nessas comunidades. Vários deles, que até então passavam despercebidos porque não ostentavam anotações criminais, mas que tinham intensa participação, foram identificados por essa investigação”, declarou o secretário Felipe Curi, chefe da Polícia Civil.

De acordo com a polícia, o TCP impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos.

A polícia descobriu um grupo que organizava “protestos” com a queima de ônibus para obstruir o trabalho policial. Outro núcleo se especializou no abate de aeronaves policiais, composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico.

A rede aérea da SuperVia foi atingida na região de Parada de Lucas. Por causa disso, trens do Ramal Saracuruna operavam apenas nos trechos entre Central do Brasil e Penha e entre Duque de Caxias e Gramacho.

A situação só começou a ser normalizada às 13h30, quando os trens voltaram a circular em todo o trecho da Central até Caxias. O intervalo médio entre cada viagem era de 50 minutos.