Até breve Mangueira
- Cesar Moutinho
- 2 de mar.
- 2 min de leitura
Juro que pensei não pisar mais na avenida quando minhas pernas não aguentassem mais...

Por: Cesar Moutinho
Juro que pensei não pisar mais na avenida quando minhas pernas não aguentassem mais. Todavia, o imprevisível aconteceu, comigo e com meus amigos passistas da antiga; filhos fiéis da Estação Primeira de Mangueira. Na lista: Celso Monteiro, passista Estandarte de Ouro e um legado de 64 anos de serviços prestados à Verde e Rosa; Jofre que aos 77 anos é referência para os mais jovens passistas, pela sua dedicação e peculiaridade do seu samba no pé; pura inspiração. A lista é extensiva aos inigualáveis passistas, rabiscadores de chão com idade acima dos cinquenta anos: Arthur (Tutu da Mangueira) e o sexagenário dançarino Cláudio Bola. Aproveitando o ensejo no calor da minha indignação, não posso me furtar em registrar o desligamento da minha filha Juliana Clara do grupo de musas da Mangueira há dois atrás. A tira-colo comigo, aos dois anos de idade apenas, Juliana ensaiava seus passos e contra-passos na Mangueira do Amanhã. Aos 16 anos, ela faturou o Estandarte de Ouro como passista. Aliás, juntos, somos os únicos, pai e filha a ostentar o prêmio mais cobiçado do mundo do samba na modalidade passista. E mais...tivemos a honra de sermos contemplados com o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Contudo, esse time de craques sambistas, lamentavelmente não estarão presentes no desfile da Mangueira este ano, em virtude da atitude arbitrária da presidente em exercício da Estação Primeira de Mangueira, Guanaíra Firmino em nos vetar. Um inequívoco sem precedentes aos nossos olhos, e por falar em olhos..."O pior cego é aquele que não quer enxergar". Faltou sensibilidade em detrimento a nossa história. História? Dana-se história para quem não absorveu a memória dos autênticos construtores na evolução da escola de samba mais amada do planeta. Enfim, o evento é triste por um momento, mais nada é eterno e na vida tudo passa, somos transitórios. O que dizer sobre o evento? A Mangueira não propriedade de ninguém, a Mangueira é ponto cultural, a Mangueira é da comunidade de dentro e fora do território mangueirense; a mangueira é do povo. Mesmo amargurados diante fato de não desfilarmos este ano, sempre seremos Mangueira. A nossa identidade está em primeiro lugar, preservada, ninguém vai apagar a nossa história. Jamais iremos nos prostituir e migrar para outra agremiação, até porque, lugar de Mangueirense é na Mangueira. E mais...a Bíblia diz..."Os humilhados serão exaltados" e na versão dos poetas de plantão, "o samba agoniza mais não morre e quem samba uma vez samba eternamente". Até breve Mangueira. (Índio da Mangueira).


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