Ensaio técnico: Império Serrano emociona o Sambódromo de ponta à ponta

Império Serrano emociona em ensaio técnico marcado por superação após incêndio e

recebe apoio das escolas coirmãs reforçada pela resistência na Marquês de Sapucaí

Por: Fernanda Farias

O Império Serrano protagonizou um dos momentos mais emocionantes do último dia de ensaios técnicos da Série Ouro neste domingo (16), na Marquês de Sapucaí. Em luto pelo incêndio na fábrica Maximus Confecçoes, que destruiu 97% das fantasias da escola e vitimou fatalmente Rodrigo de Oliveira, a agremiação foi recebida com uma grande demonstração de solidariedade e união das demais escolas.

Quando a Sinfônica do Samba se posicionou em frente ao Setor 1, presidentes das escolas da Série Ouro e dirigentes da Liga RJ desceram a avenida de mãos dadas com Flávio França, presidente do Império Serrano. O gesto simbolizou a força das coirmãs diante da tragédia que abalou o carnaval carioca.

No discurso de abertura, Flávio França pediu um minuto de silêncio em memória de Rodrigo de Oliveira e pelas vítimas que seguem hospitalizadas. Em seguida, ele agradeceu o carinho das demais escolas e reforçou que apesar das dificuldades, o Império Serrano seguirá firme. “Pouca coisa não vai nos jogar no chão”, afirmou.

Comissão de frente dá show na avenida

Um dos pontos altos do ensaio foi a comissão de frente, com a coreografia de Marlon Cruz, o grupo de bailarinos deu um verdadeiro espetáculo na avenida ao representar Beto Sem Braço, o grande homenageado do enredo da escola para 2025. A performance emocionante exaltou a história do compositor, considerado um dos maiores nomes do samba e da história do Império Serrano.

A encenação trouxe elementos que remetem à trajetória de Beto Sem Braço, com movimentos marcantes e expressões carregadas de emoção. O público presente respondeu com aplausos e gritos de incentivo, reconhecendo o talento e a entrega dos bailarinos.

Superação na avenida

Mesmo diante da adversidade, a escola de Madureira mostrou que a chama do samba segue acesa. 

A rainha de bateria, Quitéria Chagas, destacou o espírito de superação da escola. “A gente veio aqui para dar força para a comunidade. Eu, como rainha, tenho que resgatar o ânimo e fortalecer com o ritmo. O samba cura. O samba vai nos dar força para resgatar a energia do Império Serrano”, declarou emocionada.

A bateria do Império Serrano desfilou vestida de preto, simbolizando o luto, e ergueu uma faixa com a frase: “Pouca coisa não vai nos jogar no chão”. O gesto reforçou a mensagem de resiliência e garra da agremiação, que mesmo enfrentando dificuldades, não deixa de lutar para manter vivo o brilho do carnaval.

Outras escolas da Série Ouro também foram afetadas pelo incêndio na Maximus Confecções. Unidos da Ponte e Unidos de Bangu perderam cerca de 96% de suas fantasias. Em resposta à tragédia, a Liga RJ anunciou que as agremiações prejudicadas não serão julgadas no Carnaval 2025, garantindo que possam desfilar sem prejuízo na competição.

Luto e esperança

Rodrigo de Oliveira, trabalhador da fábrica de fantasias, faleceu neste domingo (16) no Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde estava internado desde o incêndio ocorrido na última quarta-feira (12). Outras seis vítimas seguem hospitalizadas, cinco delas em estado grave.

O Império Serrano, mesmo diante do luto e das perdas materiais, mostrou que sua história e sua comunidade são maiores que qualquer adversidade. Com cada batida do surdo e cada verso entoado, a escola reforçou que, em meio às cinzas da tragédia, a chama do samba segue acesa.

“Pouca coisa não vai nos jogar no chão”